Marketplace - imagem: Randy Faris

Marketplace é a nova febre para o comércio eletrônico, assim como foram as compras coletivas poucos anos atrás. Naquela época, eu recebia frequentes solicitações de orçamento para transformar o Magento em um site de compras coletivas, por pessoas que pensavam que bastava pegar o Magento, aplicar um módulo e tudo estava pronto para funcionar. O mesmo acontece agora. Ainda que existam módulos para transformar o Magento em um marketplace, a coisa não é tão simples assim.

Não é algo plug and play. Colocou o módulo no sistema e tudo está pronto para funcionar. Pelo mesmo preço de um Magento comum mais um módulo, terei um marketplace poderoso, para me deixar rico, sem trabalhar. Não, não é assim. Aliás, essa parte do “não trabalhar” é o que mais atrai as pessoas que querem ter um marketplace para chamar de seu. Como isso ainda vai longe, sempre vale a pena relembrar esses pontos para os novos leitores, que ainda acreditam na facilidade de ter um marketplace.

O mais importante aqui é entender que se você não tem estrutura para tocar uma loja virtual própria, não terá para tocar uma loja virtual que reúne lojas virtuais de dezenas de outros lojistas. Poderia enumerar diversas questões dentro desse tópico, mas apenas uma basta: se você não sabe as necessidades de um lojista, por ter vivenciado isso na pele, como poderá convencer outros lojistas de que vale a pena pagar uma comissão para colocar seus produtos em seu marketplace?

Para que eles sejam convencidos, você precisa oferecer vantagens que eles não teriam vendendo por conta própria. E isso, só os grandes conseguem oferecer: tráfego de clientes, conhecimento de marca, empréstimo de autoridade e credibilidade, maior exposição de seus produtos. São itens que fazem com que  o valor da comissão e o trabalho de gerenciar múltiplos canais sejam válidos. São itens que os grandes e já estabelecidos no mercado conseguem entregar.

No entanto, você está começando seu marketplace. Ninguém conhece você ou sua empresa, ninguém visita sua loja, ninguém procura pelos produtos que você vai oferecer através de seus lojistas. Se você não se preocupar com esses detalhes, de nada adiantará o tal do Marketplace Plug & Play, pois será uma bela plataforma deserta. Então, além de pensar na ferramenta em si, faça um estudo detalhado em cima desses itens:

  • Não adianta lançar um marketplace generalista – você precisa ser específico. Encontre um nicho de mercado, onde os produtores e lojistas tenham dificuldades de crescer sozinhos mas que tenham um mínimo de conhecimento em internet. Verifique como você pode ocupar o espaço e tornar-se referência nesse segmento.
  • Levante os potenciais fornecedores – antes mesmo de começar o trabalho de desenvolvimento. Entenda quem serão os “coelhos”, lojistas-chave que você atrairá para o marketplace, até mesmo isentando do pagamento de taxas e comissões por um tempo. Sem lojistas, sem compradores.
  • Entenda o perfil do cliente – e estruture o site para ele. Mais do que isso, pense em como criar uma comunidade ao redor dos produtos que você vende, fornecendo conteúdo e espaço para interação. Os clientes precisam sentir confiança em seu marketplace e essa confiança será estendida aos lojistas.
  • Treine seus lojistas – não adianta você esperar que basta cadastrar os lojistas e ficar esperando que os produtos apareçam por mágica no site. É preciso treiná-los, incentivá-los a usar a ferramenta e explicar quais são as boas práticas para colocação de conteúdo. O mexmo vale para o processo do pedido. Ignore essa etapa e você terá dezenas de lojas abandonadas ou pedidos esquecidos, com reclamações de consumidores por todo lado.
  • Esteja preparado para investir pesado em publicidade – você não levanta um marketplace com R$ 250,00 mensais no Google Adwords. É preciso pensar em publicidade grande!
  • Estruture bem a parte contábil – você precisará separar o dinheiro e emitir as notas fiscais corretamente, assim como os lojistas.
  • Lembre-se, você dá garantia ao consumidor – o cliente não está comprando da loja, está comprando do marketplace e é seu nome que estará na linha de tiro se algo der errado.

Dá pra construir bons marketplaces? Sim, claro que dá. Apenas precisamos mudar um pouco nossa mentalidade. Marketplace não é pra quem quer brincar ou utilizar o tempo livre. Boas vendas!


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

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