Sou um defensor do planejamento – quem me conhece, acha que eu planejo demais as coisas, mas acho que é implicância dos outros, 🙂 . Sem planejamento, tudo fica mais difícil, tempo e recursos são perdidos, desvios de caminho podem ser fatais para uma empresa ou sonhos podem ficar muito mais distantes. Defendo que é possível ainda fazer um planejamento sem que ele seja rígido, sem que ele nos “impeça de viver a vida”. Por conta disso, virei fã do Business Canvas Model, uma ideia proposta no livro Business Model Generation, de Alexander Osterwalder.

Não acho que ele substitua o Plano de Negócios – e imagino que não seja mesmo essa a ideia do autor – mas o Business Canvas Model realmente torna a concepção e a validação de um negócio muito mais simples e visual. O método é muito prático e constitui-se de uma folha (no tamanho que você quiser, embora um tamanho A3 ou maior facilitará a visualização), dividida em 9 quadrantes, mais post-its para serem colados.

Business Model - imagem : reprodução

Se você fizer uma busca no Google, rapidamente encontra o modelo da folha para ser baixado. Essa folha já vem com os seguintes quadrantes e o preenchimento é bem direto. Em cada um dos quadrantes, você cola os post-its com as respostas correspondentes àquele quadrante.

1) Segmentos de Clientes

O primeiro passo ao construir o seu Business Canvas Model é definir quem serão seus clientes. Quais são os segmentos que você atenderá? É importante que você defina segmentos restritos e específicos, para que você tenha um melhor controle sobre as próximas etapas além de ser mais palpável. Por exemplo, mulheres entre 20 e 30 anos que tenham filhos abaixo de 5 anos e morem em São Paulo capital é mais fácil de visualizar do que mulheres abaixo dos 30 anos ou simplesmente mães.

Você não precisa atender apenas um segmento e pode colar quantos post-its você quiser, escrevendo um segmento por post-it. Você também pode usar cores diferentes se for trabalhar com segmentos muito diferentes. Ah, clientes podem ser grupos que vão se beneficiar do seu produto ou serviço mesmo sem pagar por eles, como por exemplo os clientes gratuitos do Redbooth.

2) Proposta de Valor

O que seu produto ou serviço trará de valor para o seu cliente? Valor não se refere ao preço do produto mas sim aos ganhos que o cliente terá ao utilizá-lo, as vantagens, financeiras ou não, por utilizar seu produto, como por exemplo, uma bicicleta pode trazer economia de tempo no trânsito e um incremento de saúde para o usuário.

3) Relacionamento com o Consumidor

Como você se relacionará com seu cliente, quais as ações a serem tomadas para construir um relacionamento e identificar o consumidor com sua marca, seu produto ou serviço? Relacionamento não é como entregar o produto mas o modo como seu cliente se sentirá conectado a você.

4) Canais

Como você distribuirá seu produto ou serviço? Quais serão os meios para que eles cheguem até seu cliente, como ele utilizará esse produto ou serviço? Se você tem uma loja virtual, o site é o primeiro dos canais mas a logística também entra nesse quadrante para definir como o produto sairá de sua empresa e chegará nas mãos do comprador.

5) Fluxo de Receitas

Agora que você tem os segmentos de clientes, as propostas de valor, a forma de relacionamento e os canais para distribuir seus produtos, como isso se tornará rentável para a empresa? Quais serão as receitas advindas da venda do produto ou prestação de serviços? Se você tem um blog, por exemplo, pode cobrar pelo acesso a conteúdo exclusivo, pode vender o conteúdo impresso na forma de um livro, pode inserir anúncios ou confeccionar produtos exclusivos para serem vendidos no blog. Como você trará dinheiro para sua empresa?

6) Atividades Chave

Para que você atinja as propostas anteriores, você precisa definir quais são as atividades-chave ou seja, aquelas atividades que farão parte do dia-a-dia de sua operação e tornarão o negócio possível.

7) Recursos Chave

Paralelamente às atividades-chave, você precisa definir quais são os recursos-chave, isto é, aqueles recursos que deverão estar à disposição para que o negócio aconteça e atinja os objetivos propostos. Sua estrutura e colaboradores entram nesse quadrante.

8) Parceiros Chave

Completando o lado esquerdo do Business Canvas Model, os parceiros-chave são as pessoas ou empresas essenciais para que a relação de consumo entre você e seu cliente aconteça da melhor forma possível e produtos e serviços sejam entregues conforme combinados, dentro da proposta de valor. Se você trabalhará com os usuários de um grande provedor de internet, por exemplo, esse provedor é o seu principal parceiro-chave.

9) Estrutura de Custos

Suportando a empresa ao lado do fluxo de receitas, é preciso pensar na estrutura de custos que tornará a operação viável. Não precisa pensar em números nesse momento mas sim em como o dinheiro da sua empresa será gasto, quais serão as atividades e itens que consumirão recursos e como isso será feito.

O legal do Business Canvas Model é que ele permite modificações constantes durante a modelagem da ideia. Basta descolar o post-it e colar outro no lugar, com uma nova informação ou reordená-los em ordem de prioridade, sucessivamente até que a ideia esteja bem alinhada. A partir daí, eu volto pro modelo tradicional e um plano de negócios, com sua estrutura de produto, marketing, recursos humanos e planilhas financeiras consegue dar detalhes que um Canvas não atinge. Só não se esqueça: mesmo um plano de negócios precisa ser atualizado e deve ser flexível. Bons planos!


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

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