esse post foi escrito especialmente para o blog por um autor convidadoEsse post é de autoria de Jerônimo Madruga, escrito especialmente para o Blog do André Gugliotti. Visite também o blog do Jerônimo

Ensino e mercado de trabalho! Uma relação que deveria ser harmoniosa e reciproca, cada vez mais se mostra fora de tom. Os profissionais são formados e devidamente diplomados, mas ainda não tem noção do que realmente querem fazer no mundo real.
Focando nessas dúvidas e incertezas, Daniel H. Pink (autor de livros como “O cérebro do futuro”, “A revolução do lado direito do cérebro” e “Free Agent Nation”) uniu-se ao premiado ilustrador Rob Ten Pas para oferecerem uma experiência Forest Gumpiana sobre a labuta em forma de mangá. Considerado o primeiro livro de negócios nesse formato normalmente utilizado pelas histórias em quadrinhos nipônicas, essa fórmula exótica elaborada pela dupla acaba sendo uma leitura extremamente agrádavel, com destaque a seus ótimos gráficos, humor suave e história objetiva.
Quem nunca parou para pensar no seu rumo que atire a primeira pedra - imagem: www.ilmarin.info

O livro narra a história de Johnny Bunko, um jovem funcionário da corporação Boggs. Estudante exemplar que sempre fez o que lhe foi mandado, ele começa a questionar o rumo de sua carreira após se sentir estagnado no seu emprego atual (um cenário familiar para muitas pessoas não?). Até que um evento em uma noite diferente o faz conhecer Diana, uma espécie de conselheira mística, que o ajuda a repensar a sua postura trabalhista, e nesse processo acaba aprendendo 6 lições essenciais para obter o sucesso em sua carreira.
Johnny Bunko #1 por Cameron Maddux - imagem: flickr.comEssas seis lições são:

  1. Não há plano: Muitas pessoas vêem sua carreira como algo linear, similar a uma equação matemática, que simplesmente o tempo de serviço em uma empresa fará com que seus planos dêem certo. Porém, isso não condiz com a realidade. O mundo muda de forma cada vez mais dinâmica e as pessoas devem fazer suas escolhas de acordo com seus instintos e valores, não somente pensando em assegurar a continuidade de seus planos;
  2.  Pense nas forças, não nas fraquezas: Muita gente é induzida a pensar que o profissional moderno é extremamente polivalente, sendo excelente nas mais diversas áreas (pensem em um ironman com colarinhos brancos para quem ainda não conhece a situação). Isso acaba causando um dos piores erros que um profissional pode cometer: investir em uma carreira que ele não domina ou é atraído. Todas as pessoas são diferentes, não podemos simplesmente ignorar esse fato. Alguns tem aptidão para cálculos matemáticos, mas não para idiomas. Outros não vão dominar as finanças, mas vão ser extremamente efetivos em vender uma idéia. Saiba quais são seus pontos fortes, o que te traz prazer em realizar, e foque sua carreira nisso;
  3. Não se trata de você: Por um momento, deixe de ser egocêntrico e pare para pensar. O foco não é você; você é uma parte da engrenagem que move a máquina. Para ser importante, seu trabalho sempre fará parte de algo muito maior, envolvendo muitas outras pessoas no processo. Aprenda a trabalhar em grupo e aproveitar o potencial e as diferenças de cada um;
  4. A persistência ultrapassa o talento: a aptidão para realizar alguma tarefa pode ser uma grande armadilha. Algumas vezes nos acomodamos frente a nossa grande capacidade de realizar algumas tarefas, acreditando que será fácil, usual. Com isso, não se dedicam aos seus afazeres como deviam e o resultado acaba ficando abaixo do esperado (ou nem é concluído). Não importa seu grau de maestria ou os anos de experiência, sempre é preciso dedicar-se como se fosse a missão mais importante que você já teve.
  5. Cometa erros excelentes: erro na sociedade moderna virou um sinônimo retumbante de falha, o que criou uma postura de medo frente a ideias novas. Com isso, muitos preferem se acomodar a arriscarem algo, pois assim acham que estão “acertando”. Mas a realidade é que o verdadeiro acerto só vem após diversas tentativas, é extremamente raro acertar de primeira. Logo, busque resultados excelentes e não tenha medo de expor seu trabalho, só assim você pode obter o sucesso de verdade.
  6. Deixe uma marca: o mais importante de tudo é isso. Não basta ganhar bem, ter um emprego estável ou um ambiente bom de trabalhar. Por onde você passar, deve tentar criar um legado, deixar uma criação, algo maior. Não podemos ter a mentalidade de simplesmente ter um ganha-pão, temos que ter uma visão maior que somente nossos objetivos mundanos.

Apesar de parecer uma história digna de Naruto ou Dragon Ball, o desenrolar dos fatos é tão comum para aqueles que estão ingressando no mercado que os elementos místicos são detalhes secundários às lições repassadas. A semelhança dos personagens apresentados com estereótipos extremamente comuns no mercado de trabalho também ajudar o leitor a se sentir parte da história e compreender melhor os pontos que são repassados.

Elaborado de uma forma simples e direta, o uso do talento gráfico de Rob, aliado à perspicácia da escrita de Daniel acaba criando uma experiência cultural que toda pessoa que está começando a trabalhar deveria ter. Por fim, deixo uma avaliação extremamente positiva essa mistura de ocidente, oriente, quadrinhos e negócios, tendo como resultado final uma excelente leitura para o seu final de semana.

Para os que ficaram curiosos, ai vai um teaser em forma de desenho do livro (em inglês):

Mais informações também podem ser encontradas no site oficial do livro: www.johnnybunko.com
P.S.: Pesquisando para construir essa resenha, encontrei um site chamado “Lição sete” (www.lessonseven.com), que traz uma possível sétima lição, que apesar de não ter sido feita pela dupla dinâmica do livro original, não deixa de ser interessante e bem humorada (além de adicionar zumbis coorporativos a história!). Esta obra derivada da história original está liberada para download nesse link. É só clicar.


Jerônimo Madruga

Jerônimo é Técnico em Eletrônica pelo IFSUL (na era Mesozóica onde ele se chamava CEFET-RS), e eterno Bacharelando em Ciência da Computação pela UFPel, com formatura prevista para o ano n+1. Atua há 7 anos na área da informática, sendo que há 3 anos viu a luz e virou um evangelista não-religioso da comunidade do software livre, evitando soluções pusilânimes baseadas em código fechado e que funcionam de forma inexequível. É colecionador de gadgets que rodem linux, fã de palavras complicadas e seu sonho é de se sustentar ministrando (boas) palestras ou aulas. Atualmente tem o trabalho enfadonho de administrar um dos moodles da UFPel.

1 Comment

Jerônimo Medina Madruga · 13/12/2011 at 19:12

Ficou ótimo Andre, obrigado pela oportunidade!

P.S.: Só acho que as imagens ficaram nas posições erradas ao publicar o post, problemas com o template provavelmente.

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