O ano está terminando e você quer começar 2016 com o pé direito, deixando de ser empregado e passando a ser dono de seu próprio destino? Quem me acompanha, já sabe que não sou tão romântico assim, de acreditar que basta chutar tudo pro alto e virar empresário (eu mesmo me dei muito mal quando fiz isso, em 2001, tendo que aprender muitas coisas na prática, com todos os transtornos que isso ocasiona). Porém, se você já leu meus posts sobre planejamento de lojas virtuais e já sabe o que quer, está preparado para ter sua própria loja virtual, é hora de escolher a plataforma.

Escolhendo sua loja SaaS - imagem: Randy Farias

Como há algumas semanas já falei sobre a escolha da plataforma para sua loja virtual, neste post, quero falar exclusivamente das lojas alugadas, aquelas em que você paga por mês e não detém o código, isto é, quando resolver deixar a atual empresa de hospedagem, você não leva sua loja. No máximo, você leva parte dos dados, como cadastro de produtos, clientes e pedidos.

Esse tipo de loja é muito interessante para empresas que estão começando, que não precisam de recursos muito específicos ou até mesmo empresas que já tem alguma bagagem mas querem contar com o suporte técnico, sem a preocupação de atualizar o sistema ou fazer manutenção, já que isso está incluso na mensalidade. Se fizermos uma conta rápida com o que se gasta no desenvolvimento de uma loja própria mais hospedagem da loja mais manutenção (seja uma empresa contratada, seja um profissional interno), as lojas alugadas sempre ganham, em qualquer horizonte de tempo.

Em uma maneira prática, o que você deve verificar ao escolher a empresa que alugará a loja virtual para você? Eis os principais pontos, pra você marcar em seu caderninho:

1) Qual é a base para plataforma?

Qualquer sistema que você escolher sempre terá duas possíveis origens: ele pode ser desenvolvido internamente, isto é, o time da empresa fornecedora constroi o código do zero, desde o começo, da forma como acha melhor, desenhando cada uma de suas funções ou é desenvolvido com base em outra plataforma já existente, como o Magento ou o Prestashop. Qual é a diferença e como isso impacta? Geralmente – atenção, eu disse geralmente – quando um sistema de lojas virtuais é baseado em outra plataforma popular, seu ritmo de atualizações tende a ser melhor, pois ele pode herdar as novidades e correções da plataforma mãe.

Se a empresa desenvolve um sistema internamente, ela depende exclusivamente de seus próprios desenvolvedores. Se eles forem em número limitado e estiverem rodeados de demandas que não incluem a melhoria do sistema, pode acontecer de sua loja parar no tempo e você começar a se ver defasado em relação à concorrência. Então, se precisar desempatar, escolha sempre o sistema que tem uma plataforma open source por trás.

2) Quais são os recursos no plano básico?

Tome sempre o plano básico como ponto de partida. Independente do valor, você deve começar a comparação pelo plano básico. Isso lhe dará uma boa ideia de como a empresa estrutura seus serviços e qual sua estratégia. Por exemplo, um plano inicial com valor muito baixo (menos de 50 reais) provavelmente terá apenas os recursos mínimos e nenhum suporte (mesmo que a empresa diga que tem suporte ilimitado, por chat, tíquete e telefone, 24×7). Se você tiver pouco dinheiro, ele pode ser útil mas não espere grandes coisas e lembre-se que você estará por conta própria.

Se o valor do primeiro plano da empresa é alto (acima de 500 reais), ela está buscando empresas já consolidadas, que demandam recursos de servidor e provavelmente já com experiência no segmento. Nesse miolo, estão diversas outras opções, com diversos focos. Avalie quais são os recursos básicos, o que é oferecido no pacote e o que é opcional. Muitas vezes, os opcionais acabam sendo necessários para se vender e você perceberá que o valor ficará mais caro que outras empresas que já disponibilizavam aquela função no pacote básico.

3) Verifique o limite de produtos e pedidos

Indo em direção ao plano que parece mais adequado à sua empresa, veja o limite de produtos cadastrados e pedidos mensais. Seja realista na previsão dos produtos e pedidos, pois não vai adiantar nada você ter um plano maior apenas por causa de meia dúzia de produtos que talvez nunca vendam. Verifique também o procedimento para contratar produtos e pedidos adicionais.

4) Quais são os meios de pagamento e envio disponíveis?

Isso varia de provedor para provedor: alguns oferecem apenas facilitadores, outros permitem conexão direta aos cartões de crédito. Uns têm apenas Correios, outros oferecem uma imensidão de meios de entrega. Avalie o que está disponível no plano escolhido e veja se está de acordo com seus requisitos. Ah, uma tabela offline dos Correios é obrigatória; mesmo que ultimamente o servidor dos Correios esteja mais estável, ele ainda cai com frequência, deixando sua loja sem  cálculo de frete.

5) A empresa cobra comissão sobre vendas?

Nenhum problema se a empresa cobrar comissão sobre as vendas feitas em sua loja. Porém, é preciso ter um retorno por isso, seja em uma mensalidade mais baixa, seja em suporte, facilidade para anunciar, desconto em meios de pagamento, etc. No comércio, a margem sobre os produtos é pequena e se você tiver que diminui-la ainda mais, seu negócio está em risco.

6) Possibilidade de exportar os dados

Não apenas para quando (e se) você mudar de provedor mas para que você tenha melhor controle dos dados ou possa exportar as informações para o sistema de gestão que sua empresa utiliza. Sim, porque na maioria das vezes sua empresa precisará ter um ERP para controlar melhor seu estoque, emitir notas fiscais, gerenciar o financeiro.

7) Qual a disponibilidade do suporte?

Eles estão disponíveis via chat e tíquete? Tem atendimento via telefone? Em que horários? Mais do que isso, quanto tempo eles levam para responder um tíquete? Na hora em que sua loja parar de funcionar, você precisa de um suporte rápido e isso fará a diferença. Ah, isso custa dinheiro, não se esqueça.

Verifique também o que a empresa disponibiliza de material técnico em seu site. Há manuais de como usar a plataforma? Vídeos explicativos, gráficos, tudo o que é necessário para sanar suas dúvidas durante a utilização? Quanto menos material, mais fácil deve ser o sistema ou você se verá obrigado a acionar o suporte a cada passo que der no painel de administração.

8) Agora sim, os valores…

Por último, pense nos valores e em como eles se encaixam em seus requisitos. Você quer apenas testar o mercado? Pode pensar em um plano barato, sem grandes recursos e sem necessidade de suporte ágil. Você já tem um fluxo de pessoas em sua loja e faz algumas vendas por dia? Não adianta querer economizar, pois um dia fora do ar já dará um prejuízo muito maior. Busque o equilíbrio, um plano com os recursos que você necessita por um preço que esteja dentro de seu planejamento.


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

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